quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

LEIA O DESPERTAR...


LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA

Para além do "Bazar daqui", deixo também um texto de reflexão que escrevi e uma crónica "O lixo do nosso olhar"

REFLEXÃO: A BAIXA DA NOSSA VIDA

 Todos sabemos que o clima comercial não é o melhor. Tenho consciência que ao trazer à colação histórias como a da semana passada, em que apelava ajuda para um colega caído em infortúnio, não estou a contribuir. No entanto, um pouco para me desculpar, gostaria de dizer que, perante o que estava a acontecer, não podia ignorar, e, mesmo com alguma incompreensão alheia, dentro do que podia, fiz o que tinha de fazer –e, parafraseando Torga, “quem faz o que pode, faz o que deve.”
Gostaria de deixar nestas breves palavras escritas uma mensagem positiva. Nas últimas semanas fomos invadidos por notícias de pessoas, nossos vizinhos, que por uma razão ou outra, desistiram de lutar. Não façam igual. Não se deixem abater. Lutem com todas as armas que tiverem ao vosso alcance. Ponham cá para fora o azedume que tendes na alma. Não vos deixeis consumir por ele. Não projectem a culpa nos políticos, que, como é hábito, responsabilizamos por tudo. Não deleguem nos outros o encargo de mudar o mundo. A transformação desejada começa em nós mesmos e no pequeno universo que nos rodeia. Individualmente, somos o sonhador e o agente de mudança. Na maioria dos casos não nos abalançamos aos projectos porque não acreditamos na nossa força e, mesmo antes de começar, ficamos derrotados. Não se deixem embalar em cantos de sereia do género: “não vale a pena”, isso não vai resultar!”
A Baixa é o nosso mundo, é a nossa vida. É aqui que vivemos, é aqui que ganhamos o nosso pão. Lutemos por ela. Contrariamente ao apregoado, não vão para fora. É aqui que somos todos necessários. Unamo-nos em torno deste projecto comum. Confiemos e demos crédito a nós próprios. Tudo está na nossa mão.


O LIXO DO NOSSO OLHAR

 Quem der uma volta pelas ruas da Baixa ao domingo, perante os imensos sacos pretos, com o logótipo da Câmara Municipal, rebentados e com o lixo espalhado a atapetar o chão, é mais que certo interrogar-se sobre se não se teria enganado e está num qualquer aterro sanitário. É normal ver animais a vasculhar os detritos alimentares.
Há aqui duas questões subjacentes que urge resolver com urgência. A primeira, por parte da autarquia, é que se não há recolha no sábado à noite é preciso sensibilizar todos os moradores e comerciantes para não colocarem os seus dejectos na via pública e indicar-lhes alternativas em depósitos colectivos.
A segunda, é que mesmo em face da não recolha, não se admite que os moradores e comerciantes, num declarado desleixo e desprezo pela zona onde habitam não se importem minimamente com toda esta poluição visual. É evidente que não estamos perante nada de novo. Uma maioria que por aqui desenvolve a sua actividade, em metáfora, trata a Baixa como uma meretriz. Servem-se dela, usam-na, não pagam porque entendem que deve ser gratuita a desmamar a ingratidão, e abandonam-na à sua sorte. Por sua vez, os serviços públicos camarários, novamente em metáfora, procedem como o gigolô, alinda a dama para o “ataque” durante os dias da semana e no fim desta, como não tem clientes, propositadamente, esquecem-se dela.
O caso é demasiado sério para, através de imagens analógicas, se pintar o quadro com tons suaves. A Câmara Municipal de Coimbra nas questões de recolha, nas últimas décadas, preocupou-se sempre com o acessório e nunca com o essencial. Por outras palavras, inquietou-se sempre com os recipientes para colocar o lixo e jamais com a sensibilização e educação cívica dos residentes. Sabe-se que o amor às coisas ou a alguém não se prega por decreto, para ser verdadeiro, tem de vir da alma. Porém, se, como neste caso, no mínimo, nem afluxo de estima existe pela coisa pública, é preciso mesmo obrigar a amar, nem que seja com recurso a coimas. Esta situação não pode continuar. Haja decência por parte de todos os envolvidos.

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